Daqui a cerca de 4 bilhões de anos o Sol será uma preocupação ainda maior para os habitantes do planeta Terra o motivo é que, quando acabar o hidrogênio do Sol, ele irá se expandir, levando a temperatura na superfície terrestre a cerca de mil graus centígrados, segundo estimativa feita em 1919 e ainda válida.
“Vale lembrar que o ser vivo mais resistente na Terra resiste a menos de 700ºC. Até lá, a água vai ter evaporado. A pergunta é: para onde iremos?” A despeito das expectativas, em Marte a temperatura poderá ainda não estar aceitável, mesmo com tanto tempo. “Temos que achar um outro planeta rochoso. E nenhuma fonte de energia atual é capaz de nos levar até um planeta fora do Sistema Solar.
A saída seria desvendar mistérios do Universo. “O Universo é composto por 4% da matéria que conhecemos (feita de prótons, elétrons, etc), 24% de matéria escura e 72% de energia escura, também chamada de a quinta essência, a qual ainda não conhecemos”.Descobrir o que é a energia escura poderá ajudar a conhecer o que irá ocorrer com o Universo e quando, mas não mudará o destino terrestre.
Por sua vez, a descoberta da matéria escura poderá levar os humanos a outras fontes de energia, que, eventualmente, ajudarão nas viagens para planetas distantes. Tudo estaria interligado e primeiro seria necessário desvendar o mistério da energia escura para então descobrir o que é a matéria escura. “Temos que descobrir precisamente quando, para, então, planejar o que fazer”.
A medida da idade de estrelas mais velhas. “As estrelas esfriam quando seu combustível nuclear [processo de transformação do hidrogênio em hélio e depois em carbono] acaba”.
“A reação nuclear só ocorre em temperaturas acima dos 10 milhões de graus centígrados. Elas estão quentes e depois esfriam. Mede-se, então, o tempo que leva para uma temperatura esfriar até a temperatura das estrelas mais velhas, que é de 1 milhão de graus centígrados no interior e de 3 mil graus centígrados do lado de fora. Para ter uma ideia, o Sol tem 15 milhões de graus em seu interior e 6 mil do lado de fora”.
Por meio da medida da idade das estrelas mais velhas – uma outra maneira de se chegar à idade do Universo –, há 20 anos um astrônomo brasileiro Prof.Kepler de Souza publicou um artigo em que sustentava que o Universo tinha cerca de 12,1 bilhões de anos.
A idade estava relativamente próxima à mais aceita atualmente, de 13,5 bilhões de anos, estimada em 2001 pelos astrônomos Wendy Freedman, Robert Kennicutt e Jeremy Mould, a partir de extensas observações com o telescópio espacial Hubble.
“O Brasil paga para usar 2,5% do tempo do telescópio Gemini, o que representa apenas 18 noites por ano para todos os cerca de 500 astrônomos brasileiros envolvidos. Os astrônomos que descobriram a idade do Universo usaram centenas de noites do Hubble para chegar a essa constatação”, Deve-se frisar que a tecnologia é cara e a astronomia é uma ciência que não dá retorno monetário, razão pela qual o Brasil não tem um telescópio como os Gemini – os dois telescópios de infravermelho mais poderosos da Terra, construídos um em Cerro Pachón (Chile) e outro em Mauna Kea (Havaí), – do qual o país é parceiro.
“Um telescópio tem que ser grande e capaz de medir, a partir daqui, o equivalente ao tamanho de uma moeda de R$ 0,5 na Lua. O Gemini, que custou US$ 250 milhões, faz isso”.
O astrônomo norte-americano Edwin Hubble (1889-1953) descobriu que as até então chamadas nebulosas eram galáxias fora da Via Láctea, que o Universo está se expandindo e que as galáxias se afastam umas das outras a uma velocidade proporcional à distância que as separa, razão que ficou conhecida como constante de Hubble.
Tais descobertas abriram caminho para que os astrofísicos Wendy Freedman, da Instituição Carnegie (Estados Unidos), Robert Kennicutt, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), e Jeremy Mould, da Universidade de Melbourne (Austrália), definissem, em 2001, o índice de expansão do Universo, o que tornou possível calcular sua idade.
“O resultado é que hoje sabemos que o Universo tem se expandido há 13,5 bilhões de anos.Liderando um grupo de mais de 20 cientistas de 13 instituições diferentes, Wendy, Kennicutt e Mould determinaram que o melhor valor para a constante de Hubble seria 72 quilômetros por segundo por megaparsec – um megaparsec equive a 3,26 milhões de anos-luz – com margem de incerteza de 10%.
A descoberta do trio pôs fim a um debate que durou oito décadas e derrubou teorias e estimativas anteriores sobre a idade do Universo, como as do próprio Hubble, que a calculou em “apenas” 1 bilhão de anos.
Seguindo a constante de Hubble, os astrofísicos mediram a distância entre a galáxia à qual a Terra pertence – a Via Láctea – e 30 outras galáxias, usando o telescópio espacial da agência espacial norte-americana que leva o nome do famoso astrônomo.
“A expansão do Universo só é mensurável ao se calcular a distância do afastamento das galáxias. Então, por meio das variáveis chamadas de cefeidas, conseguimos precisar a distância entre a Terra e cada uma dessas 30 galáxias. Observamos que, quanto mais distante estamos, mais rápido nos movemos”.
As variáveis cefeidas – população de estrelas pulsantes e de luminosidade extrema – podem ser usadas como espécies de velas para determinar a distância de outros objetos da galáxia. Um telescópio pode ser calibrado com grande precisão usando a aproximação de uma estrela cefeida, de modo que as distâncias encontradas com esse método estão entre as mais precisas disponíveis na atualidade.
O que a intrigava era que, quando se media a idade dessas estrelas, dizia-se que elas teriam cerca de 18 bilhões de anos. “A idade das estrelas era maior do que a constante de Hubble. E não podia haver estrelas mais velhas do que o próprio Universo. É como se pudesse haver filhos mais velhos do que os pais”.
Diretora dos Observatórios da Instituição Carnegie, onde Hubble trabalhou e descobriu que o Universo está se expandindo,ressalta que o desafio da vez é a energia escura, a forma hipotética de energia que estaria distribuída por todo o espaço.
“É o que precisa ser compreendido agora. Sabemos que a energia escura está acelerando a expansão do Universo. Temos que medi-la e descobrir qual a razão para isso”.
A equipe da pesquisadora também trabalha para finalizar, em 2019, a construção do Telescópio Gigante de Magalhães (GMT, na sigla em inglês), que terá um espelho de 24,5 metros de diâmetro e será um dos três maiores em operação na Terra, ao lado do Thirty Meter Telescope, de 30 metros, e do Extremely Large Telescope, de 42 metros.
Fonte:Profa.Dra.Wendy Freeman e Prof.Dr.Kepler S.Oliveira Filho
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